terça-feira, 17 de março de 2009

O Poder do papel


Pois é, desde criancinha, quando eu compunha minhas primeiras poesias, sempre acreditei no poder do papel, sempre achei que tudo aquilo que era escrito com o papel e a caneta, com seus rabiscos, suas rasuras, era mais intenso, não sei se só eu sou assim, mas eu conseguia sentir toda aquela intensidade, aqueles sentimentos que foram transportados para aquela folha de papel. Nunca escrevi cartas através do computador, éééca, parecia que tudo aquilo era falso, não soava pessoal, afinal, tu demora pra escrever uma carta, até mesmo quando tem que passar a limpo, então tu dedica algumas horas da tua vida em cima daquela carta, e aquele pedaço de papel, que para alguns é apenas uma folha de papel, se torna um objeto no qual tu deposita teus sentimentos, tuas confissões, ele se torna muito especial, um objeto até mesmo sagrado.
Eu estou lendo um livro que ganhei da Camila, Diário de uma Jovem, de Anne Frank, no qual uma jovenzinha judia tem que viver escondida dos alemães em um local secreto, ela conta a Kitty, o nome dado ao seu diário, todas as emoções, instabilidades emocionais e acontecimentos vividos no seu diário, ela conta com uma emoção que dá pra se sentir, graças a quem, ao papel, ela sentia isso, e se sentia bem escrevendo, pois era uma forma de fugir de toda aquela guerra infernal, injusta e horripilante no qual ela estava vivendo.
Ontem uns tios vieram aqui em casa, dai resolvi mostrar a foto da Camila, minha amada namorada, e a foto estava dentro de uma caixa que continha todas as cartas que a Camila me mandou, nossa, foi tão bom, revivi toda a nossa história de amor por alguns segundos, mas me fez tão bem, cada toque naquelas folhas, naqueles bilhetinhos, cartas dedicadamente preparadas e caprichadas, tinha um amor tão grande naquela caixa que me fez um bem danado. Um sentimentos de nostalgia se abrigou em meu peito, como se tudo aquilo estivesse bem vivo, que todas aquelas memórias estivessem pulsando nas minhas veias, forte na minha mente, e realmente estavam, porém não estavam totalmente nítidas ou estavam adormecidas, porém retornaram para o meu dia-a-dia.
Cada vez mais estou do gostando e pegando o hábito pela leitura, já estou pensando qual será o próximo livro a ler, e grande parte disso está dedicado a Camila, ela que me incentivou cada vez mais a ler, me dedicar, e devo muito isso a ela.
Como é bom expressar os nossos sentimentos, independente da forma que for, se o mundo não fosse tão machista, que aqueles homens valentões do passado, que achavam que tudo se resolvia na base da porrada, pudessem ter escritos apenas 1 carta, acho que o mundo não seria tão cruel como é hoje.